Seu all star estava sujo e não transmitia calor, entrou na pequena sala branca e aconchegante com as mãos tão frias quanto o sorvete de flocos que tanto gosta, seu nariz estava vermelho devido ao vento que correra a pouco tempo com força contra o seu rosto que mantinha aquele ar de... de... de que sabia exatamente o que se passava, de que entendia realmente o que estavam pensando, de que compreendia o turbilhão de pensamentos que rodeavam a cabeça dos que estavam ao seu lado e, e como entendia! Quantas noites em que perdeu o sono só por se preocupar demais com os outros, com os problemas dos outros.
Ligou o rádio afim de ter companhia e quebrar o silêncio, o eterno silêncio que sempre foi seu melhor amigo e pior inimigo. E que companhia, hum, as batidas de Let It Be nunca tiveram tanto significado como naquela noite em que a única coisa que ela gostaria de ouvir era que tudo estava bem, e que para tudo receberia uma resposta. Puxou a cortina que escondia os vidros embaçados por causa do vapor, limpou-o com as mangas da sua blusa e abriu a janela. O vento continuava forte, mas isso não foi o suficiente para as cortinas se fecharem. Pegou uma xícara de café que ainda estava quente e a segurou com as duas mãos para esquenta-las. Sentou no chão frio e lá ficou, olhando as estrelas procurando respostas para todas as suas inquietações, e as achou, porque as respostas para nossas maiores duvidas são respondidas pelas únicas pessoas que com certeza, sempre estarão conosco: nós mesmos!
quinta-feira, 30 de julho de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
síndrome de peter pan
Ok, vamos combinar que é necessário crescer, e pra falar a verdade, até tem lá seus pontos positivos. Mas admita: você morre de saudades da sua infância! Sei que não faz tanto tempo assim que saímos dela e que alguns de nossos amigos ainda estão, enfim, cada caso é um caso e não é sobre esses sortudos que eu quero falar. Hoje eu quero falar sobre uma saudade que não se mata, sobre um tempo que não se volta, sobre as recordações lindas que a gente adora lembrar. Sobre os desenhos que a gente assistia (quem não assistia chaves e pica-pau?), sobre as amizades que eram feitas, desfeitas e refeitas com a delicadeza que só quem é criança sabe oferecer. Quero falar das roupas com estampas dos personagens da disney, das mochilas da barbie e do dragon ball. Falar do medo do escuro, do medo da chuva, de lua cheia em sexta-feira 13, de medo do lobisomem, do fofão e até do homem do saco. Quero lembrar da ansiedade que dava dor de barriga na noite antes da Páscoa, do dia da criança (que hoje nos passa despercebido), do natal. Saudade das bonecas, dos carrinhos, dos sorvetes, das pipocas... De quando a nossa preocupação maior era saber qual brincadeira fazer. E como brincávamos, ein? Qualquer retalho virava vestido, qualquer cadeira virava carrinho, qualquer colchão e cobertor virava casa, e as brigas só eram de almofadas e travesseiros. Ninguém se importava se você era rico ou pobre, bonito ou feio, gordo ou magro. Você tirava o chiclete da sua boca e dava pro seu amigo, você comia cola, mordia borracha, gritava pra sua mãe ir te limpar porque já estava "pronto". Tudo isso sem o menor nojo. Você não tinha vergonha de falar errado, de não usar roupa da moda, de chorar na frente dos outros quando batia o dedinho do pé. Você já arrumou suas roupas e tentou fugir de casa, você já procurou o fim do arco-íris, você já procurou trevo de 4 folhas, já ficou com medo de que seu nariz crescesse depois de uma mentira e você já mentiu que nunca fez xixi na cama, eu sei. Você nasce sem pedir, cresce iludindo-se com um mundo incrível dos adultos no qual você não vê a hora de fazer parte, até que um dia sua hora chega, seus brinquedos não chamam mais atenção, as meninas aprenderam a usar salto e os meninos passam a admirá-las. Parabéns, recém-adulto, seja bem vindo no mundo dos ex-sonhadores, dos ex fãs de xuxa, dos ex amigos de todos, dos ex crianças, dos atuais adultos.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
mais uma vida jogada fora
Ele com certeza tinha coisas pra fazer, acho que naquela hora ele só queria voltar pra casa para almoçar, ele só estava voltando do trabalho e, do nada, apenas em segundos, sua vida chegou ao fim. Eu não sei direito como aconteceu e nem quem estava certo ou errado. Só sei que ele estava no lugar errado, atravessando a avenida errada, no dia errado. As pessoas que passavam pelo local ficavam pálidas e provavelmente agradeciam a algum Poder Superior por não ser algum amigo ou familiar. Eu agradeci. Não tive coragem de chegar perto, me falaram que os miolos estavam espalhados pelo asfalto, o corpo de bombeiros estava lá, em vão. Nenhuma vida foi salva. Espero do fundo do meu coração que este homem esteja num lugar bem melhor agora e principalmente que não tenha sentido dor alguma. Não tenho idéia de quem ele era, quem são os pais dele e até se ele tem filhos, mas eu estava torcendo para que ninguém que o conhecesse passasse por ali e visse alguém naquela situação, sabe, poderia ser eu, você, seus pais. Ele com certeza tinha sonhos, com certeza tinha planos para a dia, pra semana. E de repente, morreu.
Esse mês o blog faz um ano! Obrigada queridos leitores :)
Esse mês o blog faz um ano! Obrigada queridos leitores :)
quinta-feira, 9 de julho de 2009
não é o ridículo da vida!
Ontem à noite conversava com um amigo que me pedia conselhos para o coração (que batia mais rápido só de ouvir o nome de uma menina aí) e durante a conversa resolvi contar pequenas coisinhas de amor, pequenas histórias que pelas quais eu passei e hoje sei que meus olhos brilham toda vez que as conto. E sabe, se hoje tenho coisas bonitas para contar, foi porque eu me arrisquei, porque eu aceitei ficar noites inteiras sem dormir, ler e reler o histórico de conversas no MSN, foi porque eu adorava a sensação de pernas tremendo e a dor de barriga de tanta ansiedade. Hoje eu sei que valeu a pena a perda de apetite e até mesmo as barras de chocolate devoradas em minutos. Tudo bem, em bastante situações precisei de band-aids para o coração. Mas e daí? Meu amigo não precisa saber disso. Ele só precisa de histórinhas, de gente que admite que o amor existe e que ele é sim o mais belo que temos a oferecer um ao outro.
E eu, morrendo de vontade de contar mais e mais, tive que me render e ir dormir. Feliz. Por ver que nem tudo está perdido. O amor ainda existe.
E eu, morrendo de vontade de contar mais e mais, tive que me render e ir dormir. Feliz. Por ver que nem tudo está perdido. O amor ainda existe.
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